sábado, 16 de fevereiro de 2008
CORTAR O PEIXE
Se acreditava que a parte mais difícil de fazer o sushi era preparar o arroz hoje descobri que estava (muito enganado). A pièce de résistence é cortar o peixe. Isso sim, é tarefa hérculea !
O arroz já foi dominado! Alias, espantado fiquei quando preparei, em pouco tempo, uma travessa de arroz para sushi, que depois coloquei num daqueles caldeirões do Asterix mexidos com a indispensável colher de pau. Era a abertura de um admirável mundo novo (adoro esta expressão!), o descobrir de novas possibilidades, o colocar o carro nos carris para a imaginação trabalhar.
Tudo isto na segunda aula do curso de sushi. Sim, porque desta vez levei uma acompanhante muito especial e, como o mundo é sempre pequeno, quem ficou ao meu lado tinha uma qualidade inata, que já quase se tinha evaporado da minha memória.
O início, extremamente informal…fantástica a maneira como a cozinha do restaurante é aberta aos alunos, prova de segurança e de confiança no trabalho que é feito…porque nunca se sabe onde vamos ter um inspector da ASAE.
Os sushis já não eram segredo: gunkans, hosomakis, uramakis, futomakis. Melhor ou pior lá foram sendo compostos. No entanto, acho incrível como conseguimos estar aquele tempo todo, de pé, a preparar o sushi sem deitar a mão a um rolo.
As novidades surgiram na forma de um uramaki hot philadelphia (camembert e salmão..frito, com molho de teryiaki) e de um gunkan enrolado não com nori, mas com salmão e com um toque flambé…diz quem sabe (não é Lúcia?) que estava MUIIIIIITTTTTOOOOOO BOM.
A parte mais difícil…cortar o peixe. Para começar deitei logo fora um lenho de anelar que, às 19.55 ainda jorrava sangue quando lhe tirava o penso. Depois foram outros golpes e outros dedos (às tantas já usava uma luva por causa da higiene). Quando me foi entregue um peixe inteiro (dourada) para desmanchar e, para não usar a palavra desastroso, diria que foi um corte inovador / sui generis.
É deveras estranho estar a lavar o peixe, tirar as espinhas, depois abrir a barriga para tirar a tripa e depois, (com requintes de malvadez, claro) cortar a cabeça ao peixe, qual executor de Calais que enfrentava a Ana Bolena. O mestre só dizia que era um só corte para dar com jeito e não com força, mas eu preferia decapitar o peixe bem devagar….
No final, o almocinho / lanche da ordem, com muita boa disposição à mistura e a troca de umas palavras na língua de Mickiewicz. Quando todos nos sentamos à mesa e, enquanto uns (ou uma) com toda a sua delicadeza procurava seguir a ordem natural do sushi os outros, com a alarvidade habitual, violavam os pratos (que estão nas fotos) e atacavam os temakis que, feitos à última hora, são de facto, uma excelente maneira de começar uma refeição.
Quando vier de Berlim, já ficou prometido um jantar no restaurante, certo Lúcia?
p.s. a fotógrafa foi 5 estrelas!!!!!
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