Faz-me um pouco de confusão ouvir as pessoas falarem do ciclone na Birmânia. Compreendo que não seja normal que os países mudem de nome ( Sri Lanka – Ceilão; Burkina Faso – Alto Volta), mas falar de Birmânia é uma ofensa a todos os cidadãos não birmaneses do território. Tive a sorte de ser ensinado que naquele território existem muitas etnias diferentes da dominante (a birmanesa) e que tratar o país por aquele nome, mais não é do que aceitar a inevitabilidade do povo.
E é pegando nisto que chego ao ciclone Nagis. Para quem anda distraído, o ciclone Nagis já matou (dados oficiais) 23 mil pessoas e fez millhão e meio de desalojados. E enquanto a comunidade internacional está preocupada em fazer chegar ajuda à população, a Junta Militar que governa o país com mão de ferro há largos anos, coloca inúmeros entraves à entrada das ONGs no território, preferindo ir adiando o tema até toda a ajuda estar ao largo da fronteira tailandesa tentando negociar a sua entrega e posterior distribuição não por entidades desinteressadas, mas pelo regime corrupto do General Than Swe que assim pode, a seu bel prazer, controlar o que chega a quem.
Esta ideia vil da junta faz-me recordar o triste episódio em que o Imperador da Etiópia, Hailé Sélassié, decidiu cobrar taxas alfandegárias sobre a ajuda humanitária que entrava no seu país. Sobre o valor das mesmas, o governo etíope cobrava 10% aos países doadores….dá que pensar…
É este o motivo da vitória da inépcia….se muitos querem continuar a lutar, muitos mais se resignam olhando para a infrutíferiedade dos seus actos perante o poder ditatorial que não quer saber do sofrimento das populações e procura perpéturar-se…
Até quando vamos continuar a aceitar este tipo de governos e a olhar, de forma indiferente, para o sofrimento dos outros???
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