quinta-feira, 8 de maio de 2008

O dedo na ferida

Poucos conhecem as músicas de Bob Geldof. Aliás, ele deve ostentar o título de músico mais conhecido de quem ninguém conhece qualquer música.

Mas ele ficou famoso por iniciativas como o Live Aid e o espetacular “Do they know it’s Christmas time”. Um concerto e uma música que reuniram a indústria e ficaram para a história.
Tornou-se assim um dos grandes defensores dos pobres e uma das vozes mais ouvidas sobre as crises africanas.

De passagem por Lisboa, Geldof colocou o dedo na ferida com coragem: Os criminosos do governo de Angola.

Criminosos???? Como assim criminosos????? Um governo democraticamente eleito em 1992 que ainda hoje se mantém em funções (há vários anos que se preparam eleições com respeito pela constituição) e comandada por um Presidente eleito à primeira volta sem mais de metade dos votos. Um governo onde predomina o luxo e a ostentação onde não existem limites para o séquito de vampiros que gravita, quais anéis de Saturno, ao lado dos homens fortes do governo, do MPLA e do exército.

Mas, porque em Angola, quem pontapeia uma pedra corre o risco de encontrar um diamante, todos tiram o chapéu a José Eduardo dos Santos, ignorando a falta de direitos humanos e a extrema pobreza a que este vota a grande maioria dos angolanos. Todos são mesmo todos, sejam os americanos, os europeus ou mesmo os portugueses.

Mas Bob Geldolf decidiu aparecer nos jornais: o governo de Angola é criminoso….e é mesmo bolas..pena que mais ninguém tenha coragem de dizer o mesmo e de passar das palavras aos actos boicotando o petróleo de Angola ou obrigando Luanda a cumprir as práticas de good government acabando com a política do auto governo.

Quando se olha para a diferença entre Angola e Moçambique descobrimos o seguinte: são os dois pobres..mas só um procura democraticamente desenvolver-se.

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