domingo, 7 de setembro de 2008

As Eleições em Angola

A primeira parte deste texto foi escrito na manhã de dia 5 de Setembro, dia das eleições.


I Parte

É hoje que os Angolanos foram às urnas para substituir (ou não) um governo eleito há 16 anos.
Sim porque a televisão local continuava a apresentar a legitimidade do MPLA como adquirida nas eleições de 1992 ( que como é do conhecimento geral não chegaram ao fim) como se fosse a coisa mais natural do mundo. Foram prometidas eleições livres e justas por um partido que se mantém ditatorialmente no poder desde 1975 e cujas tendências de repressão ao velho estilo marxista ainda não desapareceram. Um partido que se vai governando, com toda a riqueza de Angola e cujas políticas só acentuam o fosso entre os muito ricos e os miseráveis.
Mas tentam dar à comunidade internacional uma imagem de democracia, certamente retirada dos livros de história quando Salazar dizia que, em Portugal, as eleições iam ser tão livres quanto na livre Inglaterra…e assim nasceu a expressão para inglês ver….

Eleições livres é um conceito difícil de explicar a muitos: para Stalin bastava ter mais de um partido a concorrer; Mugabe adopta o voto com canhoto para mais tarde poder vir a ser conferido; para outros as eleições podem ser livres tendo cada partido a sua cor que depois é depositada na urna; e temos também aqueles países onde quer o número de votantes quer as mesas de voto não tem representantes (e o necessário controlo) de todas as forças em disputa.
E é neste ultimo leque que eu incluo as eleições em Angola. O MPLA jamais vai ceder o poder..há demasiado dinheiro em jogo.
Para isso tratou-se logo de excluir da votação os emigrantes cujo grau de instrução tem tendência a ser mais elevado, mas também a garantir que só os meios de comunicação social amigos do governo possam operar de Angola e difundir assim as notícias pré aprovadas.
Assim, a Sic, a Rádio renascença, a Visão e o público ficaram de fora porque poderiam querer mostrar mais do que diziam. Para estes meios de comunicação social, esta recusa devia ser encarada com o orgulho que só a sua competência e independência lhes garante. Prova que não são Bandarras que vão ladrar aquilo que os donos mandam.
Foi-nos assim apresentada na quinta feita, com pompa e circunstância a sala da Comissão Nacional de Eleições onde se vai garantir toda a legitimidade e verdade na publicação dos resultados.
As minhas estimativas apontam para um resultado de 65 a 70% para o MPLA para assim poder ser alterada a constituição a seu bel prazer.
O mal dos Angolanos e a principal razão da sua pobreza é o mesmo da sua mais valia: um pontapé numa pedra pode desvendar um diamante, um furo pode encontrar petróleo e o seu solo rico é ideal para cultivo.

II Parte

Duas ideias a reter:

- Problemas na abertura das urnas leva a chefe de missão da União Europeia a qualificar as eleições como DESASTRE;
- Vitória esmagadora do MPLA com mais de 80% dos votos……inédito numa democracia….

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