quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

MEMÓRIAS

Comprei recentemente um livro de Jonathan Littell que se chama As Benevolentes. O título e os capítulos são retirados da mitologia grega, mas a génese do livro lida com as memórias de um ex-oficial das SS, que durante a II guerra mundial prestou serviço na frente russa e num campo de concentração.
As memórias e as biografias sempre me fascinaram pois a história acaba por ser a história dos homens e cada pessoa tem uma experiência de vida que merece ser contada.
Quando era mais novo comecei a escrever um diário mas a minha falta de autodisciplina da altura (que conduziu também a esta aparência balofa) fizeram que esse diário não passe hoje de um recorte de vagas memórias perdidas e sem qualquer interligação.
Tudo na vida tem um princípio, um meio e um fim, e quando terminei uma relação resolvi lançar mãos à obra e produzir um manuscrito sobre tudo o que me aconteceu na altura. Claro que ia escrevendo à medida que as coisas iam acontecendo, tentando passar para o papel sentimentos que só o coração consegue explicar..mas quando terminei, passei do diário para as memórias.
Noutro dia resolvi reler essas memórias. Foi uma espécie de fechar de página.
E fiquei apaixonado pelos momentos que relato e que voltei a viver naquelas intermináveis (200..) páginas de vida. Episódios que o nosso subconsciente acaba por apagar mas que ainda hoje nos obrigam a sorrir......Se tirar fotos é criar memórias, escrever (sendo o sentimento do momento, ou a ideia do passado) é exercitar o nosso cérebro para que no futuro possamos voltar a viver esse momento descrito de uma maneira bem mais viva que uma fotografia (mesmo que uma imagem valha mais que 1000 palavras), com a certeza que, sendo algo de tão íntimo, somente nós vamos ler e nós vamos compreender, aquilo que sentíamos e aquilo que sentimos.

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