sábado, 5 de janeiro de 2008

PAIXÃO

Quando peguei no Mapa deste ano para começar a planear as férias e ver para o que queria conhecer, rapidamente surgiram vários locais de sonho (alguns mesmo de sonho pois as possibilidades são mínimas): Rússia, países Nórdicos, RP China, Dubai, África do Sul, Las Vegas, Argentina, países Bálticos, Rep Checa, etc etc etc.

Mas, no final, e quando começamos a fazer escolhas, a eliminar hipóteses, o meu amor acaba sempre por vir ao de cima: o meu amor por Berlim.

Se Times Square é o centro do mundo e se Londres é o mundo, Berlim é o meu crepúsculo. É um sentimento muito pessoal tão único que pode ser partilhado somente com pessoas especiais.

Dizia o antigo ministro da Cultura francês, Jack Lang que Paris seria sempre Paris mas que Berlim nunca era Berlim, pois estava sempre em transformação. E assim é…..

Depois de ler um livro sobre tudo o que se passou na cidade nos últimos 150 anos, Berlim foi coroada capital do meu coração. É sinónimo de tudo o que me identifico: história, arte, política, simbolismo, beleza, cultura, arquitectura cinema, luxo, gastronomia …….

Mas depois também me perguntei: restam ainda coisas para ver depois das minhas visitas em 2006 e 2007? as duas planeadas ao pormenor, em regime quase militar, onde vi tudo aquilo a que me tinha proposto.

E a resposta? Sim, há ainda muitas coisas para ver, rever e explorar.

Por exemplo, partir daquela igreja que foi destruída durante a guerra junto ao zoo e percorrer o Kurfürstendamm. O Ku’damm está para Berlim como a Oxford Street está para Londres e a Rua Augusta para Lisboa….é o centro do comércio, a zona das lojas internacionais….. É curioso que só visitei por breves momentos esta rua o ano passado, quando procurava incessantemente o Hard Rock café para comprar a tradicional t shirt para o meu grande amigo PTB, e acabei por comprar um casaco pois, como a maioria dos que lêem isto sabe, eu cheguei mas a mala ainda ficou por Lisboa mais algum tempo.

No final do Ku’damm fica o imponente Schloss Charlottenburg, em homenagem à Rainha Sophie Charlotte, mulher de Frederico I (e avó de Frederico dito, o grande). Também ainda não visitei este palácio que aparece como visita obrigatória em todos os guias da cidade. É a opulência dos Hohenzollern em todo o seu esplendor que teve a sorte de escapar ao domínio dos lunáticos que dominaram a parte leste de Berlim.

Falta também conhecer melhor a cidade de Potsdam. Situada a meia hora de Berlim, Potsdam é não só o local da cimeira dos vencedores da guerra em 1945, mas também uma cidade de conto de fadas pois contém larguíssimos jardins e muitos palácios e objectos únicos como coluna jónicas e moinhos que não servem mais do que para arregalar a vista. É, portanto, uma cidade construída para impressionar e ainda hoje é conotada com a elite dos junkers prussianos. Para quem não conhece é como Sintra em ponto grande, sem o mistério da serra, mas com muitos mais palácios.

E a cereja no topo do bolo, a Pièce de résistance, da viagem: um concerto do Daniel Barenboim!
Quando visito uma cidade, para além das várias horas que dedico à história da cidade e aos lugares míticos, tenho por hábito passar os olhos pela agenda do local para saber se há, na altura, algum espectáculo ou exposição que valha a pena ir ver.

Ora, como Berlim é uma cidade que tem, para além da filarmónica, duas óperas em permanência ( a ópera cómica e a mais famosa, a ópera clássica, a Staatsoper), fui ver os sites e descobri que na Staatsoper (que fica em pleno Unter Den Linden), dia 9 de Março, o famosíssimo e controverso maestro Daniel Barenboim vai conduzir uma matiné com obras de Mozart e Antonin Dvorak ( Baremboim é o maestro daquele concerto que aqueles que, convidados a minha casa para jantar, têm que gramar como música de fundo). Barenboim é um génio universalmente reconhecido que teve a ousadia de recusar o cargo de director da orquestra filarmónica de Nova Iorque pois não pretendia sair de Berlim. Judeu, casado com uma palestiniana, filho de pais russos, mas nascido na Argentina, Barenboim ficou ainda famoso por ter sido o primeiro a quebrar o tabu e a tocar obras de Richard Wagner em Israel.

É uma oportunidade única!

E em 2009….reabre o Neues Museum na ilha dos museus cuja renovação vai custar 295 milhões de euros…..mais uma visita em perspectiva.

2010? Para confirmar se o palácio real vai mesmo ser novamente construído..

Porque é que eu gosto Berlim:

Kadewe – a minha loja preferida. Um corte inglês em ponto grande, mais luxuoso, e com um quinto andar recheado das melhores coisas do mundo: um supermercado que é ao mesmo tempo um restaurante com várias paragens e várias especialidades. É onde se consegue comprar o meu chocolate preferido, aquele que tem as trufas de chocolate branco, de leite e preto……

Unter Den Linde – a mais importante avenida de Berlim onde ficam todos os monumentos. Foi erguida por Guilherme I que pretendia uma ligação entre o palácio real e o Tiergarten, onde caçava regularmente. Literalmente, debaixo dos lírios, começa hoje nas portas de Brandenburgo e termina na catedral.

Reichtag – monumento simbólico da Alemanha imperial e do 3º Reich, é hoje o parlamento federal e contém uma cúpula desenhada por Norman Foster. Ainda só a visitei durante a noite (com um frio de rachar), mas a vista que proporciona, e o conceito inovador, fazem dele um ex-líbris.

Zoo – Não sou fã dos zoos porque acho que os animais não deviam estar em cativeiro….mas é um dos poucos que tem pandas gigantes. E só esses animais justificam uma visita.

Spree – Um passeio de barco pelo rio que banha Berlim, mesmo daqueles que duram apenas uma hora, é um ponto obrigatório em qualquer viagem. Parece que estamos a ver os bastidores da cidade.

Museum Insel – a ilha dos museus contém a catedral de Berlim e ainda 5 museus de classes internacional, todos construídos no estilo neo-clássico (os alemães têm essa pancada!). De todos, o meu preferido é o Pergamon. Numa palavra, a sua entrada é breathtaking….

Potdsam – a apenas meia hora de comboio uma cidade de reis, muito calma e com enormes construções que fazem dela um local extremamente belo para passar um dia, longe do ritmo frenético da capital.

Checkpoint Charlie – simboliza hoje a divisão da cidade. Toda aquela envolvência do muro, das passagens ilegais entre os dois lados, a presença das potências ocupantes durante 45 anos….toda a história da guerra fria num pequeno lugar.

Estátua de Frederico II –o mais querido de todos os Reis da Prússia, responsável pela vitória do seu país na guerra dos 7 anos….é o símbolo do passado imperial, do crescimento do povo alemão e do desenvolvimento de Berlim.

Torre da Alexanderplatz – a melhor vista de Berlim. No topo tem um restaurante excelente onde se pode desfrutar de alguma calma num ambiente selecto.

Nikolaiviertel – no centro da cidade, parece um mundo à parte. Um bairrozinho fundado no século XII, foi recentemente restauradoPotsdamerplatz – ontem era um local quase deserto pois situava-se na zona do muro; hoje é um dos locais mais modernos do mundo onde, aproveitando o facto de ser desértico, foi possível construir novos e espectaculares edifícios, de onde destaco o Sony Center com as suas luzes e os seus restaurantes que é hoje o ponto de encontro, por excelência, dos jovens berlinenses.

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