domingo, 18 de novembro de 2007

LI E RECOMENDO

Confesso que quando me foi ofertado o livro Thousand Splendid Suns, do escritor afegão Khaled Hosseini, torci o nariz ( e sabem como é difícil torcer o nariz..)

Afinal, de tantos livros e de tantos temas que gosto, há sempre aqueles que insistem em darem-me coisas novas, que falam de assuntos que não me prendem a atenção.
Quando isto acontece, à ignorância inicial segue-se o espanto e o desejo de querer saber mais. Porque acharam que este determinado livro era bom para mim? O que posso aprender com ele? Porquê este e não outro? Será que os meus assuntos predilectos não são suficientemente conhecidos e até divulgados nos diferentes sites da amazon??

Quem o fez, velha raposa da literatura, pessoa que eu muito admiro e que me conhece bem melhor do que eu penso, deixou-me o alerta….estava há 15 semanas nos tops de vendas do New York Times (e ainda por lá se mantém…há 25 semanas).

Esta afirmação deixa-me curioso: primeiro porque não sigo (ou melhor, ainda não seguia) os tops de vendas do New York Times…..e depois porque, se todos os dias procuramos crescer e aprender mais, há sempre novas perguntas que vão surgindo ao virar da esquina. Basta que não nos fechemos nas velhas respostas…e aceitemos os novos desafios….e sabe bem constatar que ainda existe a possibilidade, sempre que quisermos, de revisitarmos a ideia de Aldous Huxley de encontrar um admirável mundo novo.

Lembro-me de uma pessoa que me fascinava diariamente. E acontecia porque vivia num mundo diferente do meu: odiava política, história, desporto..vivia para a pintura, para a escultura, para a literatura(e para a cosmética)….para coisas mais simples da vida… com ela conheci Turner, della Robia, Rodin, Durer, Caravaggio…o mundo das viagens de Ryszard Kapuściński…a literatura lésbica de Jeanette Winterson…coisas que eu não imaginava existirem e que hoje são parte do meu quotidiano. Dava-me livros e falava de temas que eu não gostava…e ensinou-me a abrir a mente a novos gostos e horizonte…..aceitar que já certas coisas que tem que se aprender a gostar…e que um NÃO inicial nos limita muito……

Neste livro, algo me intrigou desde logo: a vida no Afeganistão. Na Ásia Central, num mundo criado artificialmente que une várias étnicas, juntas para separar o urso de Moscovo e a baleia de Londres…governadas desde sempre por uma ( os pastuns) que sempre se considerou senhorial, a segunda metade do século XX trás uma experiência diametralmente oposta daquilo que nós vivemos.

Não quero estragar surpresas mas duas ideias ficaram….

- que há momentos em que o tempo se arrasta (e a ideia de arrastar, não sendo nova, é devera luminosa…)

- “Laila lembra-se de a mãe dizer ao pai que tinha casado com um homem sem convicções. Mas a mãe não compreendia. Não compreendia que sela olhasse a um espelho, iria encontrar a única e mais importante convicção da vida dele a olhar para ela”.

Recomendo a leitura…por ser diferente, por ser marcante..e por ser excelente.

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